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Escala de Intervenção Urbana: Cidade

Planejar cidades ou intervir para transformá-las é um exercício de desenho urbano. Da passagem da cidade informal para um padrão mais geométrico e organizado de tecido urbano, surgiram vários modelos de traçados viários, cada qual fundamentado por diferentes princípios projetuais e objetivos específicos.

Por exemplo, Ildefonso Cerdá projetou uma nova Barcelona em 1860, tendo como objetivo solucionar problemas de saneamento básico. Com o desenho de uma malha ortogonal quadrada, visava proporcionar uma cidade fisicamente igual para todos os moradores. Trata-se da evolução dos planos de grelha romana, adotados nas mais variadas cidades europeias, como na antiga cidade de Mileto.

Na mesma época, Haussmann interviu de forma dramática no tecido tradicional e tortuoso da Paris medieval, com um objetivo militar de assegurar proteção aos governantes das ações revolucionárias das comunas parisienses. A rede de boulevares projetada convergia para vários pontos nodais, as chamadas “praças reais”, acentuando ainda o caráter espetacular da cidade, e buscava também solucionar problemas de saneamento básico e mobilidade.

Na década de 30, Goiânia foi projetada com o objetivo político de mudar a capital da cidade de Goiás, tendo como referência o urbanismo francês. As perspectivas das 3 avenidas convergindo ao centro cívico marcam a presença dos edifícios governamentais, acentuando o caráter monumental, como adotado na França e em Washington.

Brasília, cidade modernista, foi desenhada também com a finalidade político-administrativa de mudar a capital do país do Rio de Janeiro para o centro-oeste. Seu desenho em formato de avião define com clareza as funções urbanas principais, interligadas por dois eixos, o monumental e o rodoviário. Brasília é a única que traduz com fidelidade os princípios da Carta de Atenas, e, apesar das críticas ao modernismo, o desenho urbano da cidade foi inovador para a época e ainda hoje representa um feito extraordinário do urbanismo brasileiro.

Referência: Livros “Construir e Habitar” de Richard Sennett; “Goiânia: Os Planos, a Cidade e o Sistema de Áreas Verdes” de Maria Eliana Jubé Ribeiro.